As alunas Ana Leocádia de Morais Vilela e Ana Júlia Pereira foram classificadas entre as 10 melhores redações participantes do Concurso EPTV na Escola 2020! Parabéns!

 

No mês de outubro ocorreu mais uma etapa do Projeto EPTV na Escola, da EPTV Sul de Minas. A emissora divulgou a lista de classificação com os nomes dos autores das 10 melhores redações inscritas no Concurso.

 

Para satisfação e orgulho da SRE de Passos, duas alunas estão entre as autoras das dez melhores redações: a aluna Ana Leocádia de Morais Vilela, estudante do CESEC Dr. Hélio Ferreira Lopes, de Alpinópolis, que ficou em 6º lugar; e a aluna Ana Júlia Pereira, estudante da Escola Estadual Geraldo Andrade Vilela, de Carmo do Rio Claro, que ficou em 10º lugar na competição; para alegria das Professoras Adelina Rocha G. A. Correia e Priscila Silva de Souza, respectivamente.

 

A aluna Ana Leocádia discorreu em sua redação sobre o Tema: "A Tecnologia que melhora o mundo!" e a sua Professora Adelina fez o seguinte comentário sobre o feito da aluna:

 

"Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça." Cora Coralina.

Sempre começo minhas aulas com alunos novos do CESEC com estes versos da Cora, porque acredito que o movimento do recomeço não é fácil e exige o esforço de carregar pedras. Mas também traz consigo, a doçura da recompensa, que só experimenta quem persiste até o final.

Meu primeiro contato com a Dona Ana Leocádia foi com estes versos e através do telefone. Ela os ouviu apreensiva, pois pensou que havia pedras demais pelo caminho. A escola havia fechado em função do isolamento social, provocado pela pandemia do COVID-19. O recurso ofertado pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais para a continuidade dos estudos foi o ensino remoto. Isso a assustou, pois ela não dominava as tecnologias da comunicação.

Sabendo das especificidades de cada aluno, a Equipe pedagógica do CESEC de Alpinópolis se organizou para atender a cada discente de acordo com suas necessidades. Os materiais foram adaptados, os professores se prepararam para ajudar e orientar os alunos neste período de tantas novidades.

Sendo assim, diariamente, eu e dona Ana tínhamos um horário marcado para os estudos, pelo WhatsApp. Através do áudio ou de mensagens escritas, ela aprendeu sobre a língua portuguesa. Líamos textos, resolvíamos exercícios, produzíamos textos orais e escritos. Vez ou outra, trocávamos de lado. Ela me ensinava coisas sobre a vida: histórias da vida, da roça, superação, amizade e recomeços. Quantos foram os áudios em que a dona Ana é que foi a professora. Como diria o mestre Paulo Freire: "Quem ensina, aprende ao ensinar. E quem aprende, ensina ao aprender." Fazíamos doces, diria Cora Coralina!

Adelina Rocha G. A. Correia
Professora de Língua Portuguesa do Cesec Dr. Hélio Ferreira Lopes
Alpinópolis

 

Veja o texto da redação criado pela aluna Ana Leocádia que ficou em 6º lugar:

 

Título da Redação: Do velho ao novo

Meu nome é Ana Leocádia e sou aluna do CESEC “Doutor Hélio Ferreira Lopes” de Alpinópolis. Nasci na zona rural e frequentei até a quarta série, em uma escola improvisada na roça, pois meus pais não tinham condições financeiras para bancar o estudo para nós na cidade. Então, aos 10 anos de idade, parei de estudar e fui ajudar meus pais nos trabalhos da roça.

Não havia nenhuma tecnologia avançada para nos auxiliar na lavoura, no trato com os animais, nem em nossa vida cotidiana dentro de casa.

Na lavoura, usávamos a enxada, a foice e os instrumentos rústicos da época. Os animais nos ajudavam no nosso transporte e de mercadorias, além do arado da terra. Lembro-me da minha mãe ajudando meu pai a colocar o canzil nos bois para preparar o carro de boi para buscar mantimentos na cidade.

Em nossa casa, não tínhamos luz elétrica. A luz era a lamparina ou lampião à querosene, que nos ajudavam a fazer o que era preciso à noite.

O tempo foi passando e a energia elétrica chegou na roça. Que mudança! Com ela, as tecnologias invadiram as fazendas e até as roças pequenas. Os artefatos antigos formam sendo substituídos pelas máquinas nas lavouras e nas casas, amenizando o trabalho do agricultor.

Mas, na minha opinião, uma das maiores mudanças foi na área da comunicação. Meus filhos, foram estudar fora, em universidades federais, e ficavam meses sem contato, pois não tinha nem telefone. Hoje, está tudo mais fácil. Aos 60 anos, voltei a estudar. Com a pandemia do COVID 19, as escolas fecharam e ofereceram o ensino online. Fiquei apreensiva, pois não tinha nenhum conhecimento sobre este tipo de tecnologia. Para minha surpresa, eu me adaptei muito bem com este novo recurso. Estou aprendendo Artes, Ciências, Português pelo WhatsApp, com a ajuda dos meus professores.

Estou feliz em poder aprender estes conteúdos, abrir minha cabeça para as novidades dos estudos e encantada com as possibilidades que a internet pode nos oferecer.

 

 

A Professora de Ana Júlia, Priscila Souza também enalteceu o trabalho da aluna da seguinte forma:

 

Primeiramente, gostaria de agradecer aos cumprimentos dispensados a mim e à Ana Júlia. Saibam que muito nos alegrou e entusiasmou ainda mais.

Ao saber do tema, busquei despertar nos alunos aquela visão tão real deles. Estávamos (e ainda estamos) em um momento difícil, distante e cada vez mais segregacionista. Como os estudos remotos, o uso da tecnologia atingiu seu ápice. Mas como abordar o tema sem se ater apenas a estes aspectos? Entraram em cena, então, as pesquisas, a análise plena de tal assunto, resultando em um texto excelente. Pude perceber as dificuldades dos alunos, mas também a esperança através de cada texto lido.

Ao perguntar à Ana Júlia o que a inspirou a abordar o tema sob a luz da evolução humana, ela disse que "Se tudo evolui, então por que há tanto atraso em certos aspectos?" E, a partir deste ponto, emergiram as críticas, reflexões e paralelos em um vasto campo da tecnologia. Foi possível notar que seu texto contempla várias áreas de conhecimento e todas, intrinsecamente ligadas, amarradas, de modo que, ao ler e admirar seu texto, possamos nos sentir representados, abraçados e reflexivos sob a perspectiva de que a tecnologia, infelizmente, não transforma a vida de todos de maneira uniforme...

São trabalhos assim que nos levam para a realidade de nossos alunos e notamos que eles se inventam, reinventam, dobram e desdobram-se, juntamente conosco para que seu futuro seja cada vez mais brilhante.

Obrigada!

Priscila Silva de Souza
Professora de Língua Portuguesa da  E. E. Geraldo de Andrade Vilela
Carmo do Rio Claro

 

A seguir, a redação de Ana Júlia, classificada em 10º lugar:

 

Título da Redação: Desde os primórdios, salve à tecnologia!

Ao pensarmos na tecnologia como algo que vai muito além de celulares, tablets, internet, é possível perceber que ela sempre esteve e estará presente em nossas vidas. Desde os primórdios, lá atrás, quando ainda não éramos Homo sapiens, e sim, Homo erectus, Homo ergaster, ou até mesmo, neandertais. Criamos o fogo; as pinturas rupestres para nos comunicar; estudávamos a natureza, o clima e partilhávamos nossos conhecimentos. Assim, fomos evoluindo humana e tecnologicamente. Nossa imagem, antes grosseira, cedeu lugar a selfies maravilhosas, com vários recursos que, às vezes, nos transformam tanto que nem parecemos nós mesmos. Caminhos que eram percorridos com os pés descalços e debaixo de um sol escaldante, tornaram-se hoje poucas horas em uma confortável poltrona de avião e nada de calor.

Muitas vezes, parece que não há mais nada que ser inventado. Aí, dormimos e, ao amanhecer, somos surpreendidos por uma enxurrada de inovações. Cirurgias sem cortes. Próteses mecânicas feitas em impressoras 3D. Filmes que nos projetam para dentro deles através de um simples óculos colorido. Jogos que nos atraem para a tela de um celular e nos fazem esquecer um pouco a dureza de nossas realidades. Sim, a tecnologia é a maravilha da humanidade, mas nós, simples seres humanos, nunca podemos nos esquecer de que somos carne, osso e sentimentos. Não podemos deixar que esses encantamentos nos seduzam a tal ponto que nos façam pessoas frias, distantes, sem brilho nos olhos. Pessoas sem empatia. Máquinas de ferro e aço.

Tenho observado o quanto a tecnologia também tem desestruturado a vida de muitas pessoas. Na roça, por exemplo, já não vemos tanto o trabalho manual. Vemos máquinas remexendo a terra. Pais de família sendo substituídos por elas. Barulhos e mais barulho, onde antes reinava a paz. Tudo em prol do progresso, da inovação. Será este o rumo certo de nossa evolução? Será este o propósito de nossa criação? Creio a tecnologia deve servir para reduzir fronteiras e não para destruir, piorar nossas vidas. Afinal, toda criação veio de um ser humano que a idealizou, então por quê criar algo para nos prejudicar?

Portanto, a tecnologia que melhora o mundo, deve sim, melhorar a minha vida e a de todas as pessoas, desde que ela não seja destruidora de sonhos, empregos ou até mesmo do planeta. É preciso que nós, Homo sapiens, ou homem moderno, o nome não importa, sejamos capazes de evoluir, criar, inovar pensando sempre no bem de todos para que possamos continuar evoluindo e não voltando à época das cavernas.

 

 

Às alunas, professoras e todo quadro das Escolas classificadas, ficam nossos parabéns, o desejo e a certeza de que muitas outras conquistas ainda virão!

 


por Sérgio Corrêa

 

 

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