Conheça a história de superação da aluna Geovana Prado, da E. E. Dona Indá, de Alpinópolis. Ela é um exemplo comovente para toda a comunidade da SRE de Passos!

Oi, eu sou Geovana Prado, 15 anos, uma adolescente comum, como qualquer outra da minha idade. Sou bem crítica, impaciente e persistente, nunca desisto quando quero alguma coisa. Tenho consciência de que preciso lutar pelos meus direitos. Vou contar para vocês um pouquinho da minha rotina e da minha história. Como quase toda garota, tenho uma vida bem agitada, não gosto de acordar muito cedo, mas quando acordo, ajudo a minha mãe com as tarefas de casa: lavo louça, limpo a mesa e o chão e, também, gosto de ajudar na organização das gavetas. Na parte da manhã, ainda frequento o curso de Crisma e quando tenho trabalhos escolares, vou para casa das minhas colegas de sala. Comecei a estudar na Escola Estadual “Dona Indá” há três anos. Hoje, estou no Oitavo Ano (8º ANO), gosto muito da minha Escola e adoro minha turma. Estou me dando muito bem na área de exatas, minha professora, Patrícia, disse que tenho um raciocínio muito bom e rápido e a cada dia fico melhor ainda. Sou apaixonada por jogos, acho que é porque adoro desafios. Aprendi a jogar xadrez e dama com meu professor de Educação Física, Wando. Ás vezes, perco algumas partidas, preciso ser mais rápida para mover as peças, porém tenho boas estratégias e na maioria das vezes ganho. Como toda adolescente, também amo as redes sociais, nelas aprendo muita coisa, faço amizades e confecciono convites de aniversário e de casamento feitos por mim com a ajuda da professora de apoio.

Também faço tapetes com minha mãe. Pretendo ser, no futuro, independente financeiramente!

Como toda garota da minha idade, tenho muitos sonhos e o maior deles, realizei no início deste ano. Meu presente de 15 anos foi uma cadeira motorizada para ter mais liberdade de ir e vir com meus colegas, sozinha, sem a professora de apoio me segurando, no andador, dentro da escola. Quando vim para escola Dona Indá, tive a ideia de arrecadar “aneizinhos” de latinhas de cerveja e refrigerante para trocar numa cadeira, movimentei a escola e a cidade inteira. Depois de meses juntando o material, descobri que a cadeira não seria motorizada, mas valeu pela experiência. Assim que ganhei a cadeira de minha mãe, procurei a direção da escola e disse que queria acessibilidade para ter mais liberdade. A diretora disse que a escola já estava preparada para me receber com a nova cadeira, que eu poderia me movimentar à vontade dentro da escola.

Com a cadeira, também, foi possível realizar mais dois desejos meus: o de ir e voltar sozinha da escola e o de ser Dama de Honra. Entrei sozinha na Igreja, só eu e Nossa Senhora, como sempre sonhei!

Quando nasci, tive Paralisia Cerebral, mamãe não sabe se foi no parto ou na cirurgia que fiz no coração, nos primeiros dias de vida. Digo tive porque hoje, não deixo meu cérebro ficar paralisado, pelo contrário, ele é bem ativo. Tenho limitações só na fala e nos movimentos.

Alguns me acham brava, porque às vezes, fico nervosa, sem paciência, com algumas pessoas da sociedade que acham que nada posso fazer, tudo é perigoso, que fica “olhando torto”, dando opiniões nada a ver. Mas sei que é apenas mais um desafio insignificante, diante da beleza e do valor da vida.

Desde cinco meses, frequento a APAE, faço: Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Ecoterapia, Fonoaudiólogo, Psicopedagogia e ainda vou toda quinta feira para Alfenas completar o tratamento. Mas tudo bem, vou com paciência, pois, penso que se fiz uma cirurgia perigosa, quando bebê, sofri várias paradas cardíacas, fiquei quarenta dias internada e, ainda, peguei uma infecção hospitalar e sobrevivi, entendi que era um recado da vida para eu ser feliz. Além do recado, Deus me mandou um Anjo para me acompanhar, a minha mãe, é ela que põe toda essa coragem e essa força dentro de mim.

Veja alguns depoimentos sobre a menina Geovana:

• “Geovana é uma menina lutadora, sempre supera seus obstáculos em busca de seus direitos e da tão sonhada liberdade. No dia que nos procurou, dizendo que precisava de acessibilidade, ficamos emocionadas por vê-la reivindicando seus direitos. Ela é uma guerreira e sabe lutar pelos seus sonhos”. (Kelly – Supervisora)

• “Geovana é muito criativa, ela tem um tablete que usa para comunicação alternativa, sempre tem ideias e me passa tudo em prol de seu desenvolvimento e autonomia”. (Simone – Professora de Apoio)

• “Quando Geovana chegou na nossa escola, não entendia nada do que ela falava e, tinha somente a ideia de trabalhar com ela a manipulação de objetos de vários tamanhos, mas com o tempo, fui percebendo uma aluna muito inteligente e, também, fui aprendendo a me comunicar melhor com ela. Como era muito impaciente e não aceitava nada que não fosse do seu jeito, peguei esse gancho do comportamento dela e comecei a ensinar-lhe jogos de tabuleiro. Comecei com dama e ela se interessou muito, o melhor do jogo era a comunicação a qual só melhorava. Com os jogos, fui tentando provocar reações de diversos modo nela, através de brincadeiras e questionamentos sobre várias situações dos jogos, visando trabalhar a impaciência dela e o relacionamento com os colegas, os quais sempre a tratam com muito respeito. Ela já melhorou, em todos os sentidos, mas com a ajuda das professoras de apoio, procuro melhorar ainda mais a sua formação nos aspectos cognitivos, motor e afetivo social, que são os pilares que norteiam o ensino da Educação Física. Tenho um prazer muito grande em dar aulas para a Geovana e aprendo muito com ela”. (Wando – Professor)

É muito fácil gostar da Geovana, ela é carismática, animada, persistente e bem humorada. Nada escapa ao seu olhar atento e ao seu sorriso enorme que nos cativa e nos arrasta para junto dela!

Geovana, você é um orgulho para a Escola Estadual Dona Indá e para toda a Superintendência Regional de Ensino de Passos!

por Sérgio Raimundo Corrêa